domingo, 13 de abril de 2008

O Psicólogo Escolar

Psicologia Escolar

No que diz respeito à identidade do psicólogo escolar, geralmente ela passa pela superação do modelo médico (o que nos remeteria para os fundamentos da psicologia clínica), que estabelece seus parâmetros em torno da dicotomia saúde x doença, normal x anormal, enfatizando-se o papel de educador que este profissional pode assumir quando atua no contexto da escola.

Dentro da escola, o psicólogo é pouco valorizado ou mesmo considerado dispensável, pois inexistem serviços dessa natureza. Tal perspectiva talvez seja proveniente do fato de que a área escolar foi caracterizada historicamente como um desmembramento da área clínica, gerando uma visão de psicologia escolar clínica.
Segundo a autora, os psicólogos escolares têm feito um trabalho clínico dentro da escola, usando testes variados, como de QI, de personalidade, e elaborando diagnósticos e orientações detalhadas, ou então, oferecendo psicoterapia para os alunos considerados como portadores de distúrbios emocionais, de conduta, e até mesmo de
psicomotricidade. Tal atitude pode acarretar em uma série de problemas, como o risco de discriminar e estigmatizar os alunos que se beneficiam desta forma de serviço. O sigilo pode não ser mantido pelos próprios alunos, uma vez que a escola é uma organização onde a privacidade é restrita etc.
Sob a perspectiva da “psicologia escolar clínica”, o trabalho do psicólogo tem como papel evitar desajustes ou desadaptações do aluno. Estes, por sua vez, são equacionados em termos de saúde x doença, o que, na escola, é retraduzido como problemas de ajustamento e adaptação.
De certa forma, sob a perspectiva acima, os problemas que surgem no contexto escolar são centrados nos alunos, e investe-se o psicólogo de um caráter de onipotência, e seu papel acaba sendo tratar estes ‘alunos-problema’, devolvendo-os à sala de aula ‘bem-adaptados’. Isso leva, freqüentemente, a uma atitude de ambivalência e resistência por parte da instituição escolar, que muitas vezes dificulta ou até mesmo impede a continuidade dos serviços de psicologia.


Psicólogo Escolar nos dias de hoje, que tem sido modificada radicalmente ao longo de sua história voltando-se para uma prática relacional, baseada em um pressuposto do ser humano em construção histórica e social. Entretanto, quando este profissional adentra uma instituição educacional, depara-se com inúmeras dificuldades: falta de compreensão de outros profissionais da educação acerca do papel do psicólogo na escola; manutenção de uma prática excludente, individualista (o problema está no aluno ou na sua família), caracterizando um pensamento cartesiano e linear de causalidade. Porém, confrontando posturas, poderá criar espaços de reflexão junto aos sujeitos da escola, visando criar condições mais justas de existência. A partir do pressuposto histórico-cultural e da teoria sistêmica, apresentam-se formas de criação destes espaços de reflexão acerca dos problemas da escola, cujos resultados apontam para uma nova prática do profissional de psicologia escolar.


A atuação deve estar no âmbito da educação formal realizando pesquisas, diagnóstico e intervenção preventiva ou corretiva em grupo e individualmente. Envolve, em sua análise e intervenção, todos os segmentos do sistema educacional que participam do processo de ensino- aprendizagem.


o Psicólogo Educacional precisa criar um espaço para escutar as demandas da escola e pensar maneiras de lidar com situações que são cotidianas. Precisa criar formas de reflexão dentro da escola, com todos os sujeitos (alunos, professores e especialistas) para que se possa trabalhar com suas relações e paradigmas.
Ele precisa ouvir os alunos, o que pensam sobre sua escola e sua turma. Isso pode ser feito através de desenhos ou pedindo para que escrevam o que pensam, sentem, como percebem sua
turma e sua escola. É igualmente necessário ouvir os professores, suas demandas e fazê-los participar dos atendimentos com as crianças, repensando novas práticas e novos olhares sobre o aluno que chama de .problema.. Assim, o psicólogo educacional não cairá em armadilhas do tipo não sei mais o que fazer, dê conta desse problema para mim.
Também se faz necessário trabalhar junto à equipe pedagógica, criando espaços semanais de diálogo com os professores para que juntos cheguem a novas versões de um mesmo fenômeno, eliminando a possibilidade de estigmatizar os alunos com dificuldades.
Enfim, chamar a família do aluno com dificuldades a fim de que se possa colher dados acerca do outro sistema direto em que participa o aluno.

Confrontar família e professor quando necessário, criando um espaço de dialogo franco acerca das dificuldades de todos, não só do aluno, diluindo nos sistemas a .culpa. pelo fracasso escolar. Assim, outra armadilha é enfraquecida: a culpa sempre é da família.

O Psicólogo Educacional, questionador, curioso e acima de tudo assumindo uma posição de .não saber., pode criar junto à equipe uma estratégia de intervenção colaborativa, onde todos têm influência sobre o aluno, assim como sofrem influência mutuamente.
Finalmente, precisa ter a cautela para diferenciar problemas e para que as soluções sejam as mais justas e eficazes, ou seja, se um aluno é portador de necessidade especial, certamente um olhar organicista poderá ajudar na criação de estratégias de intervenção. O que aqui desejo afirmar é que não se pode descartar a possibilidade de existência de problemas de ordem congênita ou familiar, mas não justificar todo e qualquer comportamento inesperado de um aluno como fator de desajuste do próprio aluno.

domingo, 30 de março de 2008

Reflexão sobre a inserção do psicólogo no Hospital


As políticas de saúde pública no Brasil, priorizam o modelo clínico hospitalar, onde o atendimento em saúde é via atenção secundária. O psicólogo que atua neste âmbito, é o especialista em Psicologia Hospitalar, reconhecido pelo CFP desde 2003. Vale ressaltar que o Brasil é o único país onde encontramos a Psicologia Hospitalar como especialidade, e que vários autores entendem que é apenas um campo ou estratégia de trabalho do Psicólogo da Saúde e não uma especialidade.


Segundo Bornholdt e Castro (2004)1 a atuação do psicologo em relação a atenção à saúde se dá :


em instituições de saúde realizando atendimentos psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermaria em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria.(p.50)


No Brasil a formação do psicólogo é considerada elitista. É preciso sair da teoria e técnica para um comprometimento social para que se tenha uma visão dos problemas da saúde e capacitação para trabalhar cm outros profissionais. A formação ainda o coloca distante das demandas sociais.
Mas nos últimos anos, a área da saúde vem absorvendo os psicólogos que não ocuparam espaço no modelo clínico e a psicologia hospitalar vem sendo uma das estratégias de atuação no mercado.

Por ser uma especialidade nova, muitas vezes o psicólogo não tem consciência do seu papel e nem sabe como atuar dentro da instituição.

Rodriguez-Marín2 (apud BORNHOLDT; CASTRO, 2004) sintetiza o trabalho do psicólogo que trabalha no hospital em seis tarefas:

1) função de coordenação: relativa às atividades com os funcionários do hospital; 2) função de ajuda à adaptação: em que o psicólogo intervém na qualidade do processo de adaptação e recuperação do paciente internado; 3) função de interconsulta: atua como consultor, ajudando outros profissionais a lidarem com o paciente; 4) função de enlace: intervenção, através do delineamento e execução de programas junto com outros profissionais, para modificar ou instalar comportamentos adequados dos pacientes; 5) função assistencial direta: atua diretamente com o paciente, e 6) função de gestão de recursos humanos: para aprimorar os serviços dos profissionais da organização. (p.51)

No que diz respeito a este modelo de atuação, faz-se necessário que o psicólogo esteja preparado para trabalhar em conjunto com outros profissionais, pois atuando de forma interagida, haverá uma melhora nos resultados dos tratamentos. Não pode ter onipotência por parte de nenhum profissional da equipe de saúde, respeitando limites e espaços de cada um e aproveitando o máximo de cada profissional com o objetivo de diminuir o sofrimento do paciente.
A importância do psicólogo hospitalar em hospitais deve-se ao seu cabedal teórico e prático específicos para lidar com os conflitos psicológicos vivenciados pelos pacientes e seus familiares naquele momento, podendo ajudá-los através da "psicoterapia hospitalar" (ALAMY, 2003)3 a elaborarem seus conflitos, fantasias e medos diante da doença, do seu tratamento e da hospitalização.

Sua necessidade é reconhecida quando os fatores físicos não justificam a patologia e as doenças psicossomáticas são levadas em consideração. A diminuição da ansiedade nos quadros pré-cirúrgicos também é observada com a intervenção do psicólogo e ainda há o reconhecimento de que o sujeito doente sofre desequilíbrio bio-psico-social e que é possível restabelecer seu equilíbrio com a ajuda do psicólogo.

O papel do psicólogo ainda é confundido com do Assistente Social e do Terapeuta Ocupacional, ainda fruto de uma atuação nova, sendo necessário que o profissional esclareça as concepções errôneas sobre suas atividades, conquistando seu espaço e mostrando pra que veio, pois na maioria dos hospitais há resistência quanto a atuação do psicólogo, tanto por parte dos médico quanto por outros profissionais.
Essa resistência deve-se a dois grandes fatores, dentre outros: a onipotência do médico e a incompetência do psicólogo, que aliadas tornam o trabalho conjunto inviável, onde o paciente é quem mais perde.

O médico que se julga capaz de dar conta de todo o processo de adoecimento, desconsiderando a subjetividade do seu paciente, está demonstrando onipotência, e o psicólogo que se propõe a fazer clínica em hospital, bem como atendimentos sem fundamentação teórica, não alcançará resultados plausíveis no seu trabalho.






REFERÊNCIAS


ALAMY, Susana. Ensaios de Psicologia Hospitalar: a ausculta da alma. Belo Horizonte: [s.n.], 2003. p.127-129)

BORNHOLDT, E.; CASTRO, E.K. Psicologia da Saúde x Psicologia Hospitalar: Definições e Possibilidades de Inserção Profissional. Psicologia Ciência e Profissão[on line], set .2004, vol. 24, no 3, p.48-57. ISSN 1414-9893 Disponibilidade e acesso: citado em 25 de maio de 2007.

RODRÍGUEZ-MARÍN, J. En Busca de un Modelo de Integración del Psicólogo en el Hospital: Pasado, Presente y Futuro del Psicólogo Hospitalario. In Remor, E.; Arranz, P. & Ulla, S. (org.). El Psicólogo en el Ámbito Hospitalario. Bilbao: Desclée de Brouwer Biblioteca de Psicologia, 2003, pp. 831-863.

A Fenomenologia das dependências

A felicidade e o prazer se conjugam, ou não, através de atos de consumo que se dirigem a múltiplos objetos em busca de múltiplas finalidades. Este movimento ora ameniza a angústia, ora a intensifica através do vazio que se mostra em um imperativo ato de ter e possuir. O prazer como ausência de dor é um ponto importante discutido na filosofia.
O prazer, e o que pode ser entendido ou não como estado de felicidade, revelam diferentes aspectos da sua natureza, ou seja, pelo o que vem sendo problemático e o que vem sendo incluído no conceito de dependência.
Nos dias atuais, a dependência não está restrita apenas ao abuso de álcool e do consumo de drogas ilícitas, mas é também o jogo patológico, o sexo compulsivo, o abuso de medicações psicotrópicas. A busca do prazer é um dos fins necessários da conduta humana e ele mostra-se problemático quando sob sua égide a conduta humana é posta em questão. Isso acontece quando, na prática da realização do prazer, existe algum tipo de confrontação com perspectiva moral dentro de um grupo, ou quando outros setores da existência do indivíduo ficam comprometidos por causa desta busca.
O prazer deixa de ser uma discussão unicamente biológica quando, a partir do desenvolvimento de um grupo, se consolida uma cultura com um determinado universo de valores. Esses valores tornarão permitida a realização de alguns prazeres, desde que realizado numa determinada medida, e censurará a realização de outros, em nome de um sistema moral que tenta suprimir os riscos de descontrole.
Nos gregos encontramos o processo de refinamento da experiência do prazer na vida cotidiana. O prazer estava presente num culto simultâneo do corpo e do espírito. Ao mesmo tempo em que os gregos foram refinando e ampliando as múltiplas formas de se buscar prazer, também iniciaram algumas reflexões éticas geradas pelo caráter especifico de sua natureza DESEJO X PODER.
Ao discutir sobre a natureza do prazer, os gregos tentam descrever pela primeira vez como se dá a experiência de desejar, utilizado o desejo como algo inerente ao prazer. Na expressão do desejo na vivência do prazer os gregos construíram duas visões opostas sobre o valor do prazer:
O pensamento platônico, no qual problematizam o cultivo de alguns prazeres, principalmente os que estão suscitados pelos apetites do corpo – a busca do conhecimento da verdade.
O movimento hedonista: coloca o prazer como o valor máximo de expressão de felicidade. É a procura indiscriminada do prazer (nesse caso, teria maior proximidade com o que se observa no fenômeno das dependências) – único bem possível. No hedonismo, a medida é o corpo e o seu valor ético se funda numa prática que possa circunscrever a arte do gozo.
Dentro do pensamento hedonista, a felicidade se funda no prazer – hedonismo epicurista: defende que o prazer consiste simplesmente em evitar a dor. “O prazer no epicurismo é negativo e reativo: gozar é não sofrer, ao contrario, no hedonismo de Aristipo, o prazer é positivo e ativo.”
Para os epicuristas, o desejo natural só era permitido e necessário para sobrevivência e bem-estar do organismo. Existirão prazeres que se supõem rejeitados, ou seja, qualquer outro desejo que revele intenções que estejam fora do necessário para a manutenção da integridade física.
Existe um grande preconceito para reconhecer e dialogar mais corajosamente sobre o que é o prazer no consumo das substâncias psicoativas e sobre como este prazer se configura quando se constitui a dependência. Observa-se isso de duas formas, pois o silencio permeia quem trata e quem recebe este tratamento.
O prazer da droga, a princípio, é julgado como mal, independente das características que configuram um padrão de uso recreativo, abusivo ou dependente. São muitos os motivos que levam alguém a fazer uso de drogas: por curiosidade, para fugir de determinada situação, para pertencer a um grupo, para relaxar, para estimular, etc.. No entanto, a imediata e intensa sensação de prazer, ou ausência de desprazer, suscita novo uso. Nada teria isso de mau se não se verificassem, em alguns casos, más conseqüências desse uso e da dependência.
A droga advém como promessa e, também, experiência de sentir-se melhor. A dependência configura-se quando a confiança nessa promessa obscurece todos os outros apelos do mundo, fazendo com que o cuidado consigo mesmo fique limitado a esta única forma de promoção de um viver melhor.
A busca repetitiva de sensações de prazer nas drogas faz com que o dependente altere sua relação com o tempo, aliviando-se constantemente da necessidade de cuidar de seu futuro. O uso repetitivo promove a busca de uma sensação já conhecida como prazerosa: a realização da droga é o prazer previsto. Desse modo, sem ter que construir-se no vir-a-ser, o dependente encontra possibilidade de alívio em algo já dado de antemão, sensações e modos já conhecidos. Não é mais necessário buscar ser o que não é, pelo contrário, ilude-se na crença de já ser, num estado fechado, em modo único de obtenção de prazer. Restrito no cuidado de seu futuro, encontra-se enclausurado num infértil e eterno presente sem fim. Quanto mais se usa a droga, menos se obtém prazer (tolerância).
Conclusão
As drogas sempre existiram e sempre vão existir. Trata-se de uma realidade perene e historicamente comprovada. No entanto, a maneira como os seres humanos se relacionam com as substâncias psicoativas é mutável. O debate atual sobre o status das substâncias psicoativas dentro da sociedade ocidental vem se desenvolvendo a partir das soluções apresentadas pelos modelos norte-americano e europeu. O primeiro tem privilegiado a repressão ao tráfico e ao consumo, à custa da supressão de inúmeros direitos civis. Já na Europa tem sido adotada uma visão mais tolerante e flexível, respeitando a cidadania.
Talvez o melhor a fazer seja o de considerar soluções que respeitem os direitos sociais, a tolerância e o convívio com as diferenças. Contudo é muito difícil contemplar todas essas situações.
O homem pode escolher utilizar as SPA’S como forma de alcançar algo que lhe parece inacessível, como pode ser visto em sua história, em que tenta prolongar o prazer, aplacar a dor, dominar o outro, ultrapassar seus próprios limites, diferenciar-se dos demais através de comportamentos bizarros, dicotomizar suas relações no mundo, e até mesmo obter sucesso. Na tentativa ilusória de tornar-se o que não se é, esquece-se do mundo e de si, opta por não escolher ou, então, apóia-se na sua liberdade para alcançar o impossível. Acredita poder controlar o tempo de acordo com seu desejo e até sentir-se imortal.
Já que não é possível para um psicoterapeuta dissipar a ilusão do homem na tentativa de resolver os paradoxos de sua vida, cabe-lhes a tarefa de torná-lo atento. Deve ser um facilitador na abertura de seu leque de possibilidades, vislumbrando seu horizonte onde se trabalha com o possível e o real, na singularidade da vivência concreta de cada um no mundo.

O que é Psicologia (para leigos)


Por Alexandre Pedrassoli (6/julho/2006 )


Este artigo foi escrito propositalmente em linguagem acessível e em tom coloquial, para não se tornar chato e pedante, uma vez que é para leigos. Se você quer um artigo científico, entre no
http://www.scielo.br/ ou no scholar.google.com e procure lá. Bom, também tem outras coisas mais sisudas e “científicas” neste mesmo site. Dá uma olhada, quem sabe?
Então tá. Daí você navegou por uns sites, leu que psicologia é isso e aquilo e ainda não entendeu direito. Porque uns falam que a psicologia estuda o comportamento, outros dizem que é o estudo da consciência, outros que é o estudo da mente. Aí tem o Freud fumando charuto e escutando um paciente que fica deitado, falando sem parar. Mas de vez em quando aparece uma notícia de que um psicólogo conseguiu ensinar um chimpanzé a apertar uns botões e ficou super feliz (o psicólogo, não o chimpanzé). E aí tem um outro que estuda parapsicologia e faz estudos com telepatia e outras coisas do além. Você até já aprendeu que a palavra psicologia significa “estudo da alma”, mas parece que o único que mexe com essa coisa de alma é o cara da parapsicologia, às voltas com suas almas penadas...
Bom, se você pensa que agora sim, vai ter uma explicação simples e definitiva, dançou. Porque eu também não sei definir bem o que é psicologia, afinal até entre os psicólogos há divergências. Mas vamos tentar juntos chegar a algumas idéias. Quem sabe no final deste texto, você chega a uma definição de psicologia melhor que a minha. Daí você me manda um
comentário e a gente conversa.
Comecemos pelo modo mais simples: o “pai dos burros”, também conhecido como dicionário (eu sei, o termo é politicamente incorreto, mas vá lá). O dicionário
Houaiss Online traz as seguintes definições para a palavra psicologia:
1 Psicologia. Ciência que trata dos estados e processos mentais
2 Psicologia. Estudo do comportamento humano ou animal
3 Conjunto dos traços psicológicos característicos de um indivíduo ou de um povo, uma comunidade, uma geração etc.
4 Curso universitário onde se ensinam os principais ramos da psicologia, bem como ciências afins, e que forma o psicólogo. Ex.: aluno de psicologia
5 Atividade psicológica ou mental característica de uma pessoa ou situação
6 Capacidade inata ou aprendida para lidar com outras pessoas, levando em conta suas características psicológicas; tato, compreensão, jeito. Ex.: é preciso psicologia para lidar com delinqüentes
7 Análise ou estudo psicológico de um livro, uma obra de arte, um fato, um fenômeno, uma característica de algo etc. Ex.: A psicologia dos shows de Rock .

Pronto, começou a encrenca! Sete definições! Bom, vamos por partes. Tá vendo aquelas duas primeiras onde aparece “Rubrica: psicologia”? Isso significa que quem fez essas definições foi a própria psicologia. As outras definições, de 3 a 7, são usos mais do dia-a-dia para a palavra, que não dizem respeito à ciência da Psicologia. As definições que nos interessam são as duas primeiras: “estudo dos estados e processos mentais” e “estudo do comportamento humano ou animal”. Vamos dar uma olhada nelas.

Mas antes de qualquer coisa, você precisa saber que há muita discordância entre os diversos teóricos da psicologia. Ao longo da história da psicologia, muitos pesquisadores lançaram críticas aos seus antecessores e propuseram novas formas de estudar os processos psicológicos. Algumas vezes, isso fez com que a forma anterior fosse abandonada para sempre. Outras vezes, a nova proposta não matou a teoria anterior, mas criou uma nova corrente de pensamento, fazendo com que as duas correntes, a nova e a antiga, continuassem seguindo seus rumos de forma independente. Um exemplo disso foi quando Sigmund Freud criou a psicanálise, por volta do ano 1900, afirmando a existência do inconsciente, uma parte de nossa mente que guarda pensamentos e idéias que não podemos perceber conscientemente. Outras linhas de psicologia já existiam antes de Freud, e muitos dos antigos psicólogos não aceitaram a nova proposta. E de fato, muitos não aceitam até hoje, o que faz com que ainda existam duas linhas diferentes dentro da psicologia, que surgiram a partir da divisão iniciada por Freud.
Voltemos então ao dicionário. Vamos pegar a definição “ciência do comportamento humano ou animal”. Parece simples e óbvio, afinal todo mundo sabe o que é comportamento, não é? Não, não é. Diga-me você então o que é comportamento. É difícil descrever? Então vamos por exemplos. Falar é um comportamento? Sim. Andar é um comportamento? Sim. Até aí está muito fácil. Mas aí podemos complicar um pouco. Lembrar é um comportamento? Imaginar é um comportamento? E sonhar, seria um comportamento? Você pode responder sim ou não a estas perguntas, dependendo do que você entende por comportamento. Da mesma forma, no começo da história da psicologia moderna, lá entre os anos 1800 e 1900, alguns cientistas disseram sim e outros disseram não. E, é claro, cada um achava que estava mais certo que o outro. E mesmo entre os que concordavam com o “sim”, surgiam outras divergências. Eles pensavam: Tudo bem, vamos admitir que imaginar seja um comportamento. Mas como medir a imaginação? Como observá-la objetivamente ocorrendo na mente de uma pessoa? A necessidade de medir o fenômeno e de observá-lo objetivamente era uma exigência da ciência tradicional, criada nos moldes das ciências naturais (Física, Química, etc.). E a psicologia queria ser uma ciência, então precisava adequar-se. Aí, para resolver o problema de como medir, uns criavam engenhosos processos, treinando a pessoa para que ela aprendesse como relatar detalhadamente o que se passava em sua mente, ou ainda faziam medidas de alterações fisiológicas no organismo da pessoa, associando as alterações orgânicas aos processos mentais que não podiam ser medidos diretamente. Outros ainda, desprezaram esses processos que não podiam ser diretamente observados, dizendo que se não era possível medi-los, então não deviam fazer parte da psicologia. Outros, mais arrojados, e principalmente depois de 1900, começaram a suspeitar que aquele modelo de ciência não era mais suficiente para explicar os fenômenos psicológicos e começaram a propor novos modelos.
Em determinados momentos históricos surgiram visões radicalmente novas sobre o ser humano, e daí uma nova corrente de pensamento passava a desenvolver a psicologia segundo essa visão. Questões filosóficas ainda sem resposta, como qual a dose de livre-arbítrio que cada indivíduo possui, são uma das chaves para compreender porque as correntes psicológicas não conseguiam, e ainda não conseguem, aceitar umas às outras e formar um corpo único para a psicologia. Mas não se preocupe, a psicologia é ainda bebê. Historicamente ela acabou de nascer. É possível que no futuro todas as correntes de pensamento acabem convergindo para um mesmo ponto e uma unificação seja possível.
Foi assim que, a cada novo assunto estudado e a cada nova pergunta formulada, surgiram divergências de opiniões, criaram-se novas correntes de pensamento, iniciaram-se novos embates e discussões. Cada nova linha de pensamento recebeu novos adeptos, que acrescentaram informações ou corrigiram afirmações feitas anteriormente. De todas essas reviravoltas, chegamos hoje a uma psicologia que se apresenta em três grandes correntes de pensamento, ou três “forças”. Cada uma delas tende a rejeitar as outras e procurar impor-se como a que melhor explica o ser humano. Cada uma delas tem sua própria definição de psicologia e sua própria visão de homem. Há ainda uma quarta força, que representa a primeira tentativa de unificação das três anteriores. Vamos a elas:

A Primeira Força

A primeira força em Psicologia é o Behaviorismo, ou Comportamentalismo, ou ainda Psicologia Comportamental. Para esta força caberia perfeitamente aquela definição que encontramos no dicionário: “estudo do comportamento humano ou animal”. A abordagem comportamental surgiu trazendo em si a noção de que era possível prever o comportamento humano ou animal, pois o comportamento era sempre determinado por uma série de variáveis. Se fosse possível conhecer todas as variáveis, seria possível prever o comportamento do indivíduo. Também seria possível controlar seu comportamento, manipulando-se as variáveis que determinavam aquele comportamento. Afirma que o ser humano é condicionado, ou seja, seu comportamento é aprendido e ele tende a repeti-lo quando recebe uma recompensa por ele e tende a abandoná-lo quando não recebe nada em troca ou quando recebe uma punição.
Um exemplo clássico é o da criança birrenta. A criança pede um doce. A mãe diz que não vai dar. A criança começa então a gritar, espernear, se joga no chão e puxa os cabelos (é, meu amigo, é provável que você já tenha feito isso um dia, lembra?). Aí a mãe se apavora, morre de vergonha e, para acabar com aquela cena de horror, vai correndo pegar o doce para a criança. A criança, instantaneamente exorcizada, pára de chorar e se empanturra com a guloseima. Pergunta: qual será o comportamento da criança da próxima vez que ela quiser alguma coisa e a mãe recusar? É previsível: birra de novo! Por quê? Porque da primeira vez a birra foi recompensada com o doce. A mãe desavisada acha que resolveu o problema mas o que fez foi reforçar aquele comportamento da criança. Pode-se eliminar esse comportamento indesejável? Sim, elimine-se a recompensa e o comportamento será extinto. Se a mãe tolerar algumas vezes a birra da criança sem dar o doce, a criança vai deixar de fazer birra porque percebe que aquele comportamento não lhe traz nenhum ganho. Portanto, segundo esse raciocínio é possível não só prever mas também controlar o comportamento de um indivíduo. Se você já assistiu Laranja Mecânica, saiba que o filme é uma crítica às técnicas comportamentais de modelagem do comportamento humano, que estavam em alta na época do filme (1971). Se não assistiu, assista e você vai entender. Mas vá preparado: o filme tem algumas cenas bem violentas. Depois não diga que não avisei.
A abordagem comportamental utilizou experimentos com animais para fundamentar as bases do comportamento humano. É muito criticada por isso pelas outras abordagens, que a julgam uma visão muito simplista do ser humano, por reduzi-lo a suas semelhanças com o animal e a seus comportamentos condicionados, perdendo de vista toda a riqueza da condição humana. Um dos grandes nomes do Behaviorismo, B. F. Skinner, assim responde às críticas de que o modelo comportamental não admite liberdade de escolha ao ser humano:
Eu creio que uma análise científica do comportamento deve supor que o comportamento de uma pessoa está controlado por suas histórias genética e ambiental, e não pela pessoa mesma como agente iniciador e criativo; [...] não podemos provar que o comportamento humano como um todo está completamente determinado, mas esta proposição vai-se fazendo mais plausível à medida em que se acumulam os fatos, e creio que há chegado ao ponto em que se deve considerar seriamente suas implicações.
A psicologia comportamental representa a tentativa mais bem-sucedida de adequar a psicologia ao modelo tradicional de ciência. Faz críticas a outras linhas justamente porque as demais não se encaixam perfeitamente nesse modelo de ciência, e recebe críticas dos que a julgam excessivamente rígida e presa a um modelo de ciência em extinção, baseado nas ciências naturais.

A Segunda Força

A segunda força é a Psicanálise, criada por Sigmund Freud, por volta de 1900. A grande inovação trazida por Freud foi introduzir na psicologia a noção do inconsciente. Segundo a visão psicanalítica, a mente humana é composta por uma parte consciente e uma parte inconsciente. A parte consciente contém todos os conhecimentos e informações que utilizamos conscientemente. Nossos pensamentos, emoções conhecidas, memórias, reflexões e devaneios estão todos lá. Mas essa é apenas uma parte muito pequena da mente. A outra parte, o inconsciente, é muitas vezes maior que a parte consciente. Lá estão nossos instintos e impulsos primitivos, e as coisas que não aceitamos sobre nós mesmos. Normalmente não temos acesso a essa parte, mas ela funciona e governa nossos comportamentos, independente de nossa vontade. Enquanto essa parte desconhecida governa nosso comportamento, não temos controle pleno sobre nossos atos. O trabalho do terapeuta então é trazer os conteúdos inconscientes para a consciência, de modo que tenhamos a possibilidade de tomar decisões mais de acordo com nossa vontade consciente.
Freud identificou e criou algumas formas de acessar o inconsciente: inicialmente trabalhou com a hipnose, mas posteriormente abandonou-a por encontrar outros métodos mais eficientes. Os principais são os sonhos, o método de associação livre e os atos falhos ou lapsos. Freud afirmou que os sonhos são uma realização de desejos inconscientes. No sonho, acontece aquilo que você deseja. Mas sempre é um desejo que você mesmo não aceita que possui, normalmente por razões morais. Por exemplo, você teve uma séria briga com seu pai e no mesmo dia sonhou que ele estava caindo num abismo. Isso pode indicar que naquele momento você desejou a morte de seu pai. Por ser um desejo moralmente inaceitável, ele permanece inconsciente e se realiza através do sonho. É claro que este é um exemplo bem didático e simplista. Normalmente, mesmo nos sonhos o desejo inconsciente aparece de forma bem mais disfarçada. Um outro método de acesso ao inconsciente é a associação livre. Esse método foi criado por Freud e consiste em pedir que o paciente vá falando livremente sobre qualquer assunto a partir de um dado tema. Analisando as divagações do paciente por assuntos aparentemente sem qualquer relação entre si, pode-se encontrar as conexões inconscientes. Por isso aquela imagem clássica do paciente deitado no divã e falando sem parar, enquanto o terapeuta só escuta.
O homem é visto por Freud como um ser que busca o prazer e evita o desprazer, guiado fundamentalmente por instintos primitivos. Freud era psiquiatra e seus estudos foram quase todos feitos sobre pessoas com distúrbios psíquicos. É criticado, portanto, por focalizar excessivamente a doença e não a saúde. A psicanálise é ainda considerada por muitos uma abordagem não científica, pois alegam que não se pode comprovar a existência do inconsciente. Outra crítica refere-se ao que se chama “determinismo psíquico”, ou seja, o homem não tem liberdade de escolha, uma vez que está sempre sendo guiado por desejos inconscientes.

A Terceira Força

A Psicologia Humanista representa a terceira força em psicologia. Surgiu entre as décadas de 1950 e 1960, como reação e crítica às duas forças anteriores, que na época dominavam o cenário. Não há um fundador ou teórico que iniciou essa abordagem, mas normalmente considera-se Abraham Maslow o pai da Psicologia Humanista, principalmente pelo seu papel como articulador e organizador do movimento. Maslow, junto com Anthony Sutich, foram os principais responsáveis pelo lançamento, nos Estados Unidos, da Revista de Psicologia Humanista em 1961, e pela fundação da Association for Humanistic Psychology, em 1962. Maslow dizia que o Behaviorismo e Psicanálise não se preocupavam com o tema da saúde psicológica e propôs-se a trabalhar nesse sentido. Suas teorias foram construídas pela observação não de pessoas doentes, mas de pessoas com saúde mental acima da média, ou pessoas auto-realizadas, como ele as denominou. Deve-se destacar ainda o nome de Carl Rogers, com sua Terapia Centrada na Pessoa, um dos grandes colaboradores do movimento humanista, principalmente na fundamentação teórica dessa nova forma de psicologia.
O movimento humanista teve apoio e influência de psicólogos e teóricos de diversas áreas, incluindo as teorias de discípulos dissidentes de Freud, como Adler, Jung, Otto Rank, William Reich e Ferenczi. Teve forte influência da Psicologia da Gestalt alemã, com sua visão holística e organísmica, a ainda das Psicologias Existenciais e da Fenomenologia.
A Psicologia Humanista vê o processo psicoterapêutico como uma técnica de crescimento pessoal ou de desenvolvimento do potencial humano, e não como técnica de tratamento de doenças mentais. Portanto, se você ainda pensava que psicólogo é coisa pra louco, saiba que foi o movimento humanista que mudou essa história. Eles passaram a defender a idéia de que a psicoterapia era um processo de autoconhecimento, útil a qualquer pessoa. Deixaram de chamar o paciente de “paciente”, passando a chamá-lo “cliente”. Os humanistas afirmam que as pessoas só podem ser compreendidas como indivíduos. Não se pode conhecer uma pessoa a partir de dados estatísticos da população ou a partir de estudos com animais, uma crítica aos métodos do behaviorismo e da ciência tradicional. E ainda, as pessoas precisam ser compreendidas de forma completa e dentro de seu ambiente natural, e não através de análise de partes do comportamento ou através de experiências em laboratório.
Tom Greening é psicoterapeuta humanista e foi editor da
Revista de Psicologia Humanista de 1971 a 2005. Ele descreve os cinco postulados básicos da Psicologia Humanista desta forma:
1) Seres humanos são mais do que a soma de suas partes. Não podem ser reduzidos a partes ou funções que os compõem.2) Seres humanos só podem ser compreendidos no contexto humano.3) Seres humanos são conscientes e conscientes de si mesmos.4) Seres humanos têm livre-arbítrio e responsabilidade por suas escolhas.5) Seres humanos são intencionais, perseguem objetivos, sabem que podem alterar eventos futuros e estão em busca de sentido, valor e criatividade.
O movimento humanista, em seu início, atraiu todo tipo de contestadores do sistema e logo sofreu críticas de quem o acusava de ser um movimento pouco sério. Também recebe críticas por não se adequar totalmente ao modelo tradicional de ciência, e por seu amplo escopo, que por reunir interesses de diversas correntes de pensamento, pode parecer um pouco mal-definido para quem não segue essa abordagem.

A Quarta Força

Se a terceira força já é criticada pelo seu escopo muito abrangente, aqui ele se torna ainda mais amplo. A quarta força da psicologia é a Psicologia Transpessoal. De modo diferente das outras três, a abordagem transpessoal surgiu como conseqüência da terceira força. É uma ampliação de Psicologia Humanista e não uma crítica a ela. Foram os mesmos Abraham Maslow e Anthony Sutich, articuladores do movimento humanista, os responsáveis por organizar e dar corpo ao movimento transpessoal. O movimento inicia-se em meados da década de 1960. Em 1969 foi criada a Revista de Psicologia Transpessoal e em 1972 funda-se a Association for Transpersonal Psychology.
O movimento transpessoal inicia seu surgimento quando os psicólogos humanistas começaram a observar, em atendimentos clínicos e em trabalhos com grupos, fenômenos que atestavam que o potencial humano era muito maior do que eles inicialmente imaginavam. Havia fenômenos e percepções que as pessoas tinham, que não podiam ser explicados pela percepção dos cinco sentidos, pois pareciam estar além disso. Estranhas sensações de poder e de bem-estar surgiam repentinamente, tanto para o terapeuta quanto para o cliente, quando ambos entravam em contato profundo durante uma sessão de terapia. Nesses momentos, os terapeutas relatavam que de repente não percebiam a barreira entre si e o cliente. Era como se eles fossem apenas um. Nos experimentos com grupos, duas ou mais pessoas sonhavam o mesmo sonho, ou compartilhavam imagens, ou tinham repentinas e profundas experiências interiores que mudavam radicalmente seu modo de ser. Um dos que relataram esses momentos durante a o atendimento terapêutico foi Carl Rogers, o psicólogo humanista, na última fase de seu trabalho, a partir de meados de 1970. Ele descreve esses momentos:
Sinto que nos melhores momentos da terapia há um mútuo estado alterado de consciência. Que ambos, de alguma forma, transcendemos um pouquinho o que somos ordinariamente, e que há uma comunicação acontecendo, que nenhum de nós compreende mas que é muito reflexiva. (Rogers, citado por Wood, 1991, p. 71)
Na tentativa de compreender esses “momentos mágicos” da psicoterapia, em que a consciência parece avançar além dos limites do próprio corpo para se fundir com a consciência do cliente, alguns psicólogos começaram a encontrar descrições de estados semelhantes em tradições filosóficas orientais, como o zen-budismo e o taoísmo, e também nas práticas de ioga e artes marciais. Tradições esotéricas de todas as religiões (cabala, sufismo, mística cristã) relatavam experiências consideradas místicas, que coincidiam com aquelas experiências de grupos em que pessoas passavam por repentinas e profundas transformações de seu modo de ser.
Começou então a surgir uma nova proposta de psicologia, que incorporava a dimensão espiritual do ser humano, e considerava a existência de níveis de consciência superiores ao nosso nível “normal”. A
Psicologia Transpessoal contou ainda com os pesquisadores que faziam experimentos com drogas psicodélicas (Stanislav Grof, Aldous Huxley), incorporou a nova visão de mundo trazida pela Física Quântica, afirmando que a consciência pode interferir diretamente na realidade, reafirmaram a auto-realização dos humanistas e incluíram a noção de auto-transcendência, a necessidade de superar a si mesmo enquanto pessoa, para atingir níveis mais elevados de consciência, e daí o nome transpessoal (além do pessoal). Ken Wilber, um dos grandes teóricos da linha transpessoal, em 1977, propôs o modelo que chamou de Espectro da Consciência, em que aponta a existência de diversos níveis de consciência, afirmando que cada abordagem psicológica especializou-se em trabalhar em determinado nível, mas que uma abordagem completa deve considerar todos os níveis. Fundou então a linha que ele denominou Psicologia Integral, talvez a primeira tentativa de fornecer uma compreensão global e não-excludente de todas as abordagens em Psicologia.
A abordagem transpessoal recebe severas críticas dos que a consideram mística, não-científica. Há, entretanto, um número crescente de trabalhos, teóricos e práticos, publicados dentro dessa abordagem. A visão transpessoal critica a atitude das três outras forças, que tentam defender a sua visão como única e procura trabalhar de forma a integrar todas as abordagens.


Concluindo


Bom, se você pensou que ia ter uma definição simples para a psicologia, eu sinto muito. Essa definição simples não existe. Mas isso não é privilégio da psicologia. Pergunte para um biólogo o que é a Biologia. Se ele disser que é o “estudo da vida”, pergunte então o que é a vida. Acho que ele vai se enrolar um pouco para responder. Ou pergunte para um físico o que é a matéria e você encontrará várias respostas diferentes. E para cada resposta diferente, você vai ter uma noção diferente do que é a Física. É assim também para a Psicologia. Uma ciência onde o homem busca a compreensão de si mesmo não tem como ter uma definição simples.
Como você pôde perceber, cada corrente de pensamento acaba apresentando sua própria visão de homem e sua própria definição de qual é o objeto de estudo de psicologia.
Ah, é claro, o dicionário! Eu já ia me esquecendo. Você deve ter notado que as definições do dicionário dizem muito pouco sobre o que é a psicologia. Pode-se pensar em muitas outras definições, dependendo da abordagem. Os transpessoais poderiam dizer “estudo da consciência em seus diversos níveis”, os humanistas poderiam dizer “estudo do potencial humano” e os psicanalistas poderiam criar algo como “estudo dos mecanismos psíquicos conscientes e inconscientes”. Todos eles dizem algo sobre a psicologia, mas cada um diz apenas uma parte. A definição que encontramos no dicionário, “estudo do comportamento humano ou animal”, cabe perfeitamente para a primeira força, o behaviorismo, mas seria prontamente rejeitada pelos humanistas, que não admitem as experiências em laboratório com animais. Devo dizer também que a outra definição do dicionário, “ciência que trata dos estados e processos mentais”, é a definição geralmente usada pela Psicologia Cognitiva, que é em muitos aspectos uma extensão da Psicologia Comportamental, tanto que atualmente estão em alta as Terapias Cognitivo-Comportamentais.
E como eu falei de parapsicologia no começo, cabe ainda uma informação. A parapsicologia não faz parte da psicologia e não é reconhecida no corpo teórico da psicologia. Porém, alguns psicólogos humanistas acabaram de forma inesperada esbarrando em alguns fenômenos anteriormente estudados pela parapsicologia, o que os levou a fundar a Psicologia Transpessoal.
Espero que tenha ajudado um pouco a dar uma visão geral das muitas facetas da psicologia. Espero também ter colaborado para aumentar seu interesse pelo assunto, e que você continue estudando. Ficaria muito feliz de receber seus
comentários, perguntas e sugestões. Em breve, espero publicar mais a respeito do assunto, que para mim é fascinante. Até lá.

Referências Bibliográficas
Boainain Jr., Elias.
Transcentrando: Tornar-se transpessoal. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, Instituto de psicologia. São Paulo, 1996.
Fadiman, James; Frager, Robert.
Teorias da Personalidade. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1979.
Hall, Calvin Springer; Lindzey, Garner.
Teorias da Personalidade. São Paulo: EPU, 1984.
Maslow, Abraham M.
Toward a Psychology of Being. 3.ed. Now York: John Wiley & Sons, 1998.
Rogers, Carl R.
Tornar-se pessoa. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
Schultz, Duane P; Schultz, Sydney E.
História da Psicologia Moderna. 15.ed. São Paulo: Cultrix, 2002.
Wood, John Keith. Dimensões dos Grandes Grupos. In: Brandão, Denis H. S.; Crema, Roberto.
Visão Holística em Psicologia e Educação. São Paulo: Summus, 1991. p. 67-73.

A listagem dos filmes abaixo não obedeceu a nenhum critério especial.
Inclui filmes recente e outros muito antigos.
São filmes que de uma maneira ou outra chamam a atenção.


Um estranho no ninho ("One flew over the cuckoo's nest") - Impossível não começar por esse filme. Já é um clássico na discussão da normalidade e da questão dos hospitais psiquiátricos. Jack Nicholson está impecável, como sempre, no papel de um presidiário internado por "comportamento anti-social".

Para lembrar um grande amor ("Do you remember love") - Filme de 1985, onde Joanne Woodward faz uma professora universitária em um processo de Doença de Alzheimer. Comovente e perfeito.

Repulsa ao sexo - Um clássico de Roman Polanski, onde Catheriene Deneuve faz uma jovem em um processo psicótico. As cenas das alucinações, mesmo sem os efeitos especiais de hoje, são um primor.

Asas da liberdade ("Bird") - Um belo filme que retrata um quadro catatônico de um soldado ferido em guerra e internado em um manicômio. A cena final é surpreendente.

Mr. Jones - Richard Gere é um maníaco-depressivo que se envolve com a psiquiatra. Vale mais pelo charme de Gere que pelo conteúdo psiquiátrico.

Meninos não choram ("Boys don't cry") - Belíssimo e doloroso filme que discute a questão da inadequação de gênero.

Garota interrompida ("Girl, interrupted") - Baseado em fatos reais, mais um filme a discutir as arbitrariedades do conceito de normalidade e a adaptação a loucura como forma de normalidade. Angelina Jolie está fantástica no papel.

Melhor, impossível ("As good as it gets") - Jack Nicholson como um neurótico obsessivo-compulsivo em papel que lhe valeu um Oscar.

Trumann Show e Matrix - Dois filmes que discutem o conceito de realidade, sob óticas e estilos diferentes, que valem a pena.

O pescador de ilusões ("Fisher king") - O encontro entre um "yuppie" e um "homeless" psicótico nas ruas de Nova Iorque. Apesar das belas cenas das alucinações visuais o filme é mais uma discussão sobre projetos de vida.

Shinne - A história real de um genial pianista diagnosticado como esquizofrênico. Para ver e conferir se seria esse mesmo o possível diagnóstico.

Na corda bamba ("Sing Blade") e Poder da emoção ("Digging to China") - Dois filmes que narram a amizade entre crianças e adultos com retardo mental. O primeiro com Billy Bob Thornton e o segundo com Kevin Bacon nos papéis principais, são exemplos de excelentes interpretações.

Os 12 macacos ("12 monkeys") - Em um ambiente do futuro, esse filme de ficção científica mostra-nos que o hospício continua o mesmo, apesar de todos os avanços tecnológicos.

Desejos ("Final analysis") e Príncipe das marés ("Prince of tides") são dois dos inúmeros filmes que tratam da relação entre terapeuta e paciente. Ambos são exemplos do que não deve ocorrer.
Bicho de 7 cabeças - O fantástico filme brasileiro baseado no livro "Canto dos malditos" (citado abaixo), tem Rodrigo Santoro, em excepcional atuação, no papel do adolescente internado em um hospício por ter sido descoberto com um cigarro de maconha. Imperdível.

Dr Mumford - ("Mumford") - Interessante para se discutir a necessidade de uma formação específica para o terapeuta. Será que apenas o "saber ouvir" e o bom senso não bastariam?

Angel baby - Filme australiano que mostra uma relação afetiva entre dois esquizofrênicos. Algumas vezes lírico, algumas vezes angustiante.

Um mente brilhante ("A beautiful mind") - Narra a história verídica do premio Nobel da Matemática John Nash, portador de esquizofrenia.

Mentes que brilham ("Litlle man Tate") - uma criança superdotada intelectualmente e suas dificuldades de adaptação.

Contos de Nova York ("The New York story") - tres histórias contadas por tres famosos diretores de Hollywood. Uma delas - "Edipo Arrasado" - é uma comédia de Wood Allen e trata de uma mãe dominadora que "enlouquece" o filho. Muito divertida.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Skinner – Contingências do Reforço – A solução ambiental

O mundo em que vive o homem tem mudado muito mais rapidamente do que o próprio homem. Em poucas centenas de gerações, características altamente benéficas do corpo humano tornaram-se fonte de problemas. Dentre estas, a extensão em que o comportamento humano é fortalecido por conseqüências reforçadoras.

Três soluções tradicionais:

1) VOLUPTUÁRIA* OU SIBARÍTICA: O reforço é maximizado, enquanto as consequencias desastrosas ou são desconsideradas ou são evitadas.
2) PURITANA: O reforço é contrabalanceado pela punição.
3) ATUALIZAR O CORPO OU MODIFICAÇÃO DO CORPO: Os efeitos reforçadores poderão, concebivelmente, ser adequados às necessidades presentes da sobrevivência.

Uma quarta solução...

TROCAR AS CONTINGÊNCIAS DE REFORÇO: Planejar um ambiente no qual os reforçadores que habitualmente geram o comportamento indesejado simplesmente não o façam.

Exemplo do menino que vai tocar as teclas do piano e faz barulho. É um mau projeto juntar criança e piano e depois punir o comportamento que daí decorre.

Umas solução comparável não é tão óbvia quando os reforços têm forte significado biológico porque o problema é mal interpretado.

É importante citar que existe uma suscetibilidade do reforço.
O ambiente parece ser planejado para desenvolver exatamente os comportamentos que mais tarde se tornam problemáticos.

Necessidade X Reforço

O padrão de um comportamento problemático pode ser relacionado, não a uma necessidade, mas a uma história de reforço. (Ex. hábito do cigarro)

No caso dos animais a necessidade leva a ação. A necessidade não consiste apenas numa carência, mas numa condição em que certo comportamento é provável de ocorrer. Contingências de sobrevivência.

Fugimos da estimulação aversiva e evitamo-la, mas teremos alguma necessidade de fazê-lo?

O homem não é “escravo” de suas necessidades; ele não é “movido pela gula ou pela luxúria”. Se é que tal afirmação pode ser parafraseada, ele seria escravo das coisas que gratificam suas necessidades.

Assim, o conceito de impulso ou necessidade é particularmente equivocado. Negligenciamos contingências de reforço porque buscamos a solução de nossos problemas na satisfação de necessidades.

Se os que parecem ter tudo ainda não estão felizes, somos forçados a concluir que existem necessidades menos óbvias que estão insatisfeitas.
Os homens são felizes num ambiente em que o comportamento ativo, produtivo e criativo é reforçado de maneira efetiva.

Diminuindo a eficácia das contingências

Os reforços poderosos têm funções úteis e uma delas é de encorajar o apoio a uma cultura.

Assim, o problema não está em eliminar os reforços, mas sim moderar os seus efeitos.
A freqüência na qual ocorre um reforço é muito menos importante do que as contingências das quais faz parte.

Pode-se minimizar algumas conseqüências indesejáveis evitando a descoberta de efeitos reforçadores. (Ex. Viciado em heroína)
Um reforço não é num primeiro momento contingente a nenhum tipo de comportamento.

Condicionam-se os estímulos de forma a torná-los reforçadores; as propriedades aversivas são enfraquecidas mediante adaptação, de modo que as propriedades reforçadoras surjam com maior força (adquire-se assim um “gosto”); e assim por diante.

Devemos examinar os processos que tornam as coisas reforçadoras.

Um único reforço pode gerar e manter uma grande quantidade de comportamento, quando tal reforço vem no fim de uma seqüência ou cadeia de respostas. Ex Horticultor.

Pode-se romper as condições nas quais são formadas as longas cadeias.

Reforço Intermitente (apenas certas respostas são reforçadas)
Uma vantagem do reforço intermitente é que ele é mais resistente à extinção do que o reforço contínuo. Isto é, se o reforço for interrompido, o comportamento continuará por um tempo mais longo após o reforço intermitente do que após o reforço contínuo. Os esquemas de razão e de intervalo são todos deste tipo.
Uma única forma de resposta é repetida um grande número de vezes, a uma taxa freqüentemente muito alta, mesmo que apenas pouco freqüentemente reforçada. Ex: leitura de revistas e livros; idas aos teatros; o assistir à televisão.

O arranjo de contingências úteis

No geral busca-se obter o maior efeito possível de reforços fracos e em escassez – (ex: educação)
No caso da solução ambiental – devemos minimizar o efeito de reforços demasiado abundantes e poderosos, para evitar a formação de longas cadeias de respostas, e romper com programas que tornem efetivos os esquemas estendidos.
Ou melhor, os reforços podem ser tornados contingentes ao comportamento produtivo, ao qual não eram originalmente relacionados.
As forças mais poderosas que afetam o comportamento humano não estão sendo usadas de modo efetivo. (comida, sexo, agressividade ou poder, educação, religião?)

Os reforços não são contingentes ao comportamento.

Uma solução ambiental evita o problema como um todo; não deixa lugar para a luta, porque o conflito nunca surge. No presente momento, a solução ambiental parece tão fora de alcance quanto à química, mas o ambiente não necessitaria de mudanças drásticas. Parte importante dessa solução consiste em ensinar técnicas de autocontrole.

O problema do lazer

Graças ao progresso e à tecnologia, os homens precisam fazer cada vez menos para obter as coisas que precisam e assim as contingências de reforço são cada vez menos importantes no planejamento cultural.

Sobra-se tempo.
Uma vez saciado e livre de estimulação aversiva, o homem, como muitas outras espécies, torna-se inativo e vai dormir. Mas só por pouco tempo. O sono e a inação, com ou sem o suporte de drogas, não absorverão toda a estagnação.

O homem “desocupado” poderá, portanto, continuar a lutar, a atacar os outros, a copular, e a se entregar aos comportamentos anteriores que levam a tais atividades.

Comportamento não-consumatório – também pode ser relacionado a reforços generalizados que não são seguidos pelos reforços primários nos quais estão baseados.

Quando o ambiente é alterado de forma que os mais importantes reforços não têm mais poder, os menos importantes passam a controlar. Um princípio adicional entra então em cena: reforços fracos tornam-se poderosos quando atuam intermitentemente. Esse princípio explica muitos aspectos intrigantes do comportamento dos homens em lazer. (Ex. Paciência)
O reforço intermitente também explica a extensão na qual os reforços acima mencionados passam a controlar quando os homens não “precisam fazer nada”.

O planejamento do lazer

Não é demasiado difícil explicar a razão pela qual os homens descobriram e elaboraram atividades para o tempo de lazer.

“Os jogos de habilidades são inventados porque aguçam as contingências do ganhar ou perder.”

Mais surpreendente é o fato das culturas terem de tempos em tempos suprimido os comportamentos não-essenciais que, de outra forma, teriam dominado o tempo de lazer. A consumação excessiva foi simplesmente interditada; as drogas, proscritas; e o jogo, declarado ilegal.

O princípio foi generalizado: qualquer comportamento que leve ao prazer foi classificado como pecaminoso.

Por definição, a supressão de qualquer comportamento positivamente reforçado torna uma maneira de viver menos reforçadora. Interferir na busca do prazer é particularmente ressentido. Quanto mais trivial o reforço, maior o ressentimento; atividades inocentes, como jogar cartas ou dançar, ou simplesmente não fazer nada certamente deveriam ser deixadas à opção individual. (será?)

As culturas de tempos em tempos suprimem os comportamentos não-essenciais que, de outra forma, teriam dominado o tempo de lazer.

As atividades do tempo de lazer, por definição não dão à cultura muito suporte contemporaneamente, mas têm relação com seu desenvolvimento posterior e com sua capacidade de enfrentar emergências.

Artes, ofícios e esportes desenvolvem importantes habilidades no homem (aderir a estes comportamentos fortalece a cultura).

O papel da educação – ensinar técnicas de autocontrole que auxiliem o indivíduo a resistir à determinadas contingências do ambiente.

domingo, 16 de março de 2008

Terapia Familiar

Dado que alguns terapeutas familiares vêem apenas casais, outros, famílias múltiplas, e outros ainda atendem a uma rede social inteira, é imperativo que tenhamos pelo menos alguma definição operativa de terapia familiar.Numa excelente passada em revista da terapia conjugal e de família, David Olson sugere que qualquer intervenção que enfoque mais o sistema familiar que as pessoas que o compõem merece a denominação de terapia familiar.A terapia familiar centra-se no sistema familiar e nas mudanças que podem ser efetuadas nesse sistema. O paciente, poder-se-ia dizer, é a família e a interação desta, sendo o membro individual mais um sintoma de um sistema enfermo. Esta maneira de pensar é revolucionária para muitas pessoas e suas conseqüências práticas são grandes.Vemos então, que na terapia familiar, uma nova gestalt se forma, com a família em primeiro plano e o membro individual dela em plano secundário, invertendo o modo mais tradicional de perceber-se a pessoa individual como enferma e de primeiro interesse e a família apenas como pano de fundo. Esta nova representação conduz a maneiras novas de fazer-se terapia.Dentro desta definição de terapia familiar, existem quatro abordagens distinguíveis: a terapia familiar conjunta, a terapia de impacto múltiplo, a terapia de rede ou entrelaçamento e a terapia familiar múltipla. As diferenças entre estas abordagens pertencem mais ao domínio da prática que da teoria e não constituem escolas diferentes de terapia familiar. Todas aceitam a noção básica de que o locus da patologia não é a pessoa individual, mas o sistema, ainda que o conceito deste possa significar a família nuclear para alguns e um entrelaçamento social muito mais amplo, para outros. Como se observou, a terapia familiar enfoca não o tipo de intervenção que é feita, mas o locus da patologia. Daí, qualquer abordagem em que o terapeuta encare a patologia como residindo no sistema ou na interação pode ser denominada de terapia familiar. Isto é verdade mesmo que, em determinada sessão, veja-se apenas o par conjugal ou, possivelmente, apenas um só membro da família. Não é o número de membros presentes que torna familiar uma terapia, mas a concepção que desta faz o terapeuta.Fonte:FOLEY, Vincent D. Introdução à Terapia Familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.